Concentração Econômica na Região Metropolitana de Natal
[Publicado originalmente em O RN em Debate, p. 14. Eleições 2010. UFRN/Tribuna do Norte]
O Rio Grande
do Norte, como historicamente a região Nordeste, cresceu concentrado as
principais atividades produtivas no que hoje é conhecida como Região
Metropolitana. Essa concentração produtiva deve-se a vários fatores: o primeiro
deles diz respeito à infra-estrutura que o mundo urbano “oferece” ao capital
para que possa circular e se valorizar. O equipamento urbano (portos,
aeroportos, estradas, instituições financeiras e de pesquisa e os aglomerados
humanos, ou seja, o mercado) necessário a reprodução do capital está, na
cidade, concentrado; em segundo lugar e, em muitos momentos, por consequência
do primeiro, a oferta de benefícios públicos voltada a incentivar a economia
estadual tem consolidado a concentração produtiva na Região Metropolitana de Natal
(RMN). Apenas para se ter uma rápida ideia sobre a exorbitante concentração
econômica, no ano de 2007, aproximadamente 50% da produção de bens e serviços
do Rio Grande do Norte estava concentrada em sua região Metropolitana.
Dentre os
incentivos à produção destaca-se o Programa de Apoio ao Desenvolvimento
Industrial do Rio Grande do Norte (PROADI) que, embora passível de contestação,
dado ser um Programa que alimenta a “guerra fiscal”, tem sido utilizado como
instrumento desconcentrador da produção por oferecer melhores condições de
incentivos aos empresários que queiram produzir no interior do estado. Todavia,
a realidade confirma que o referido Programa não resolveu o problema da
concentração produtiva na RMN. Muito pelo contrário, a concentrou ainda mais.
Entre 2003 e o ano de 2007 o PROADI apoiou 108 novos projetos industriais dos
quais cerca de 63% foram concentrados na referida RMN. Essa última concentrou
também cerca de 75,2% dos investimentos produtivos. Colocado o problema
da concentração produtiva nesses termos, observa-se que faz-se urgente a
elaboração e prática de uma política pública capaz de responder a esse
relevante obstáculo à criação de empregos formais e ao aumento da renda no
interior do estado. Mais uma vez você fez isso comigo Desta forma, a pergunta a
ser respondida é: Por que isso ocorre? Por que os empresários, mesmos recebendo
maiores incentivos à produção não se dirigem rumo ao interior do estado? De
forma geral, fazem isso porque o equipamento urbano da RMN ainda permite o que
chamamos de economia de aglomeração (proximidade do mercado produtor,
fornecedor e consumidor; maior interação econômica e tecnológica entre as
unidades produtivas etc.) o que está longe de acontecer no interior.
Ademais,
deve-se levar em consideração que em um estado onde mais de 80% do seu
território está no semi-árido, a concentração produtiva é demasiadamente
preocupante. O problema da concentração produtiva na RMN não ocorre apenas pela
falta de política pública, principalmente a concernente ao planejamento
econômico. Por motivos que não competem ser expostos nesse breve artigo,
observa-se que a concentração produtiva em qualquer RM tende a ser uma
constante, podendo ser amenizada pela intervenção do estado com políticas específicas
para o referido problema.
Por esta
razão acreditamos que intervir sobre o fenômeno da concentração produtiva deve
ser uma prioridade na agenda do governo que assumirá o estado nos próximos
anos. A partir dessa política o estado estará viabilizando maior inserção
econômica de municípios que por si só não têm condições de atrair unidades
produtivas rumo aos seus territórios. Em outras palavras, o estado estará
criando as condições para a desconcentração dos investimentos produtivos, rumo
ao interior, criando novos empregos e elevando a renda nos pequenos municípios.
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