Concentração Econômica na Região Metropolitana de Natal*
A feira - Tarsila do Amaral |
Dentre os incentivos à produção
destaca-se o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Industrial do Rio Grande do
Norte (PROADI) que, embora passível de contestação, dado ser um Programa que
alimenta a “guerra fiscal”, tem sido utilizado como instrumento desconcentrador
da produção por oferecer melhores condições de incentivos aos empresários que
queiram produzir no interior do estado. Todavia, a realidade confirma que o
referido Programa não resolveu o problema da concentração produtiva na RMN.
Muito pelo contrário, a concentrou ainda mais. Entre 2003 e o ano de 2007 o
PROADI apoiou 108 novos projetos industriais dos quais cerca de 63% foram
concentrados na referida RMN. Essa última concentrou também cerca de 75,2% dos
investimentos produtivos. Colocado o
problema da concentração produtiva nesses termos, observa-se que faz-se urgente
a elaboração e prática de uma política pública capaz de responder a esse
relevante obstáculo à criação de empregos formais e ao aumento da renda no
interior do estado. Desta forma, a pergunta a ser respondida é:
Por que isso ocorre? Por que os empresários, mesmos recebendo maiores
incentivos à produção não se dirigem rumo ao interior do estado? De forma geral,
fazem isso porque o equipamento urbano da RMN ainda permite o que chamamos de economia
de aglomeração (proximidade do mercado produtor, fornecedor e consumidor; maior
interação econômica e tecnológica entre as unidades produtivas etc.) o que está
longe de acontecer no interior.
Ademais, deve-se levar em
consideração que em um estado onde mais de 80% do seu território está no
semi-árido, a concentração produtiva é demasiadamente preocupante. O problema da
concentração produtiva na RMN não ocorre apenas pela falta de política pública,
principalmente a concernente ao planejamento econômico. Por motivos que não
competem ser expostos nesse breve artigo, observa-se que a concentração
produtiva em qualquer RM tende a ser uma constante, podendo ser amenizada pela
intervenção do estado com políticas específicas para o referido problema.
Por esta razão acreditamos que
intervir sobre o fenômeno da concentração produtiva deve ser uma prioridade na
agenda do governo que assumirá o estado nos próximos anos. A partir dessa
política o estado estará viabilizando maior inserção econômica de municípios
que por si só não têm condições de atrair unidades produtivas rumo aos seus
territórios. Em outras palavras, o estado estará criando as condições para a
desconcentração dos investimentos produtivos, rumo ao interior, criando novos
empregos e elevando a renda nos pequenos municípios.
*Publicado originalmente em O RN
em Debate, p. 14. Eleições 2010. UFRN/Tribuna do Norte.
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