Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus 2012 anuncia resultado final
Conforme divulgado no Blog Economia e Outras Coisas no mês
passado, o Professor Denílson Araújo (DEPEC-UFRN) teve seu artigo selecionado, através
do Concurso Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus 2012, para compor a primeira
antologia do Grande Escritor Jorge Amado. Se isso já era uma boa notícia, agora estamos
em festa, pois o artigo “A Construção Econômica e Social de Jorge Amado: O País
do Carnaval, Cacau e Suor; Capitães da Areia; Os Velhos Marinheiros;” do Professor
Denílson ficou em 4º lugar no resultado final do Concurso.
O Blog Economia e Outras Coisas Parabeniza o Jornalista
Valdeck Almeida de Jesus pela incrível ideia do concurso, que além de já fazer
parte da agenda cultural nacional é uma maravilhosa ferramenta de incentivo à
boa leitura e aos novos autores.
Parabéns mais uma vez ao Professor Denílson, não apenas por
esse lindo reconhecimento, mas pelo esforço de formar profissionais mais
humanos e conscientes da nossa realidade social.
Link da Postagem Anterior sobre o Concurso > Aqui
Abaixo artigo na integra:
(Artigo) Por Denílson Araújo
A Construção Econômica e Social de Jorge
Amado: O País do Carnaval, Cacau e Suor; Capitães da Areia; Os Velhos
Marinheiros;
A literatura
brasileira fez parte de minha infância pobre. Quando ainda criança, minha mãe
lia os maravilhosos romances de Jorge Amado para que eu e meus irmãos não
ficássemos tão defasados culturalmente em relação às outras crianças que tinham
acesso ao frágil sistema educacional brasileiro. Meu pai, um velho comunista,
se não o fosse, seria um “Velho Marinheiro”. Apesar de sua pouca formação
escolástica, amarrou com várias cordas seus filhos no mundo mágico da
literatura brasileira, em especial, à obra de Jorge Amado. Como “Os Velhos
Marinheiros” – de Amado – que, em sua ingênua torpidez profissional ordenara
aos sarcásticos marinhos que amarrassem o barco sob o seu comando com todas as
cordas possíveis, salvando-o da deriva que o vendaval causara aos demais, em
certo cais da Bahia, meu pai salvara-nos da dura realidade da baixada
fluminense, dos sofríveis anos da ditadura militar, dos esquadrões da morte,
dos tóxicos fluídos e da farta prostituição dos menores de idade. Nestes
termos, éramos todos “Capitães da Areia” e, como capitães das ruas da Baixada
Fluminense, não pudemos viver outra vida senão aquela que a práxis cotidiana
impusera-nos a viver. Diferentemente de muitos amigos que não resistiram aos infortúnios
de uma vida de privações, fui salvo pela literatura Jorge Amadiana.
Horas a fio
lendo a vasta obra de Jorge Amado não apenas me tirou das ruas, mas permitiu-me
enxergar o “País do Carnaval”, do “Cacau” e do “Suor” de forma absolutamente
diferente da que me ensinavam nas ruas e na precária Escola Estadual do Bairro
da Chacrinha, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. A partir desses três
livros de Amado resolvi ser diferente. Queria poder ajudar os outros
adolescentes a entender o mundo como ele se apresentava, mas de forma crítica.
Entendê-lo para mudá-lo. Como Jorge Amado, queria ensinar a pensar. Fui
absolutamente possuído por um sentimento de entendimento e mudança. Queria,
como Jorge Amado, ensinar o país a se apaixonar por si mesmo. Ensinar aos
brasileiros amar ser brasileiro. Ao nordestino, amar ser nordestino. Com este
pensamento passei a me dedicar aos estudos.
Após um
excelente curso de Segundo Grau, ingressei na Universidade Federal com apenas
um pensamento: ensinar os jovens brasileiros a amar esse país e seu povo.
Tonei-me professor de Formação Econômica do Brasil. O mais espetacular de tudo
isso é que ainda hoje acompanho a literatura de Jorge Amado: ou será o
contrário? Minhas áridas aulas de Formação Econômica tornam-se plumas ao vento
com os exemplos que subtraio d’O País do Carnaval, Cacau e Suor; de Tereza
Batista Cansada de Guerra; de Capitães da Areia; de Farda, Fardão Camisola de
Dormir; Jubiabá; e de tantos outros clássicos do Professor Jorge Amado.
Mas, a vida
não é só dureza. Por esta razão, Jorge Amado a encantou e doou-lhe doçura com
suas mulheres. Ah... quão lindas são as mulheres de Amado: queria tê-las,
todas: a irreverente Tieta do Agreste; a fogosa Dona Flor e Seus dois
Maridos; a poderosa e encantadora Tereza Batista; e ela, a Deusa:
Gabriela, Cravo e Canela. Não lembro de outro autor que tenha doado tanta
dedicação às mulheres nordestinas, às brasileiras. Jorge Amado era assim,
confundia-se com seus livros. Falava do povo; das festas religiosas da Bahia;
das cachaças nas ruelas, nos guetos e no cais de Salvador; de suas economias de
exportação; dos poderosos Santos populares, que na Bahia sempre fizeram
milagres... lembro que a dor dos negros e do povo baiano sempre foi menor do
que sua alegria, seus ritmos e suas artes em geral: isso é um milagre. Com
Jorge Amado aprendi que na Bahia, como em todo o Brasil, o povo resistiu: a
todos, a tudo.
Por fim,
registro que estou pronto para a vida. Quero continuar com Jorge Amado e perto
do meu povo. Juntos, Jorge e eu, continuaremos insistindo em um Brasil mais
justo, mais limpo das imoralidades das elites conservadoras. Lutaremos por um
Brasil colorido por negros, brancos, índios e por tantas outras cores como:
verde, azul, branco e amarelo. Ficaremos aqui, no Nordeste. Ficaremos aqui, no
Brasil.
Comentários
Postar um comentário