Preconceitos: entraves ao desenvolvimento cultural
Operários - Tarsila do Amaral
Obra que evidencia as diversas etnias
que constroem a nação. |
Para nós brasileiros o que há de
mais autêntico é que somos maravilhosamente miscigenados. Somos a síntese
genética entre índios, brancos e negros, entre brasileiros, europeus e
africanos. É assim que somos autênticos. Esta síntese não nos apequena e não nos
torna uma sub-raça. Ademais, a nosso favor, temos um ecletismo religioso, u
ma multiplicidade de sotaques e de culturas. Aprendi com Celso Furtado, com Darcy Ribeiro, com Jorge Amado que a exuberância de nosso povo encontra-se exatamente na diversidade racial e cultural. O preconceito cria barreiras ao processo de civilização de um povo. A intolerância, seja ela qual for, nos impede de evoluir como seres humanos.
ma multiplicidade de sotaques e de culturas. Aprendi com Celso Furtado, com Darcy Ribeiro, com Jorge Amado que a exuberância de nosso povo encontra-se exatamente na diversidade racial e cultural. O preconceito cria barreiras ao processo de civilização de um povo. A intolerância, seja ela qual for, nos impede de evoluir como seres humanos.
É triste ver alguns jovens – para
nosso conforto apenas uma minoria deles – ocupados em tramar o impossível:
livrar o mundo da rica exuberância e diversidade cultural. Solicito aos jovens
brasileiros que reflitam sobre nossa formação cultural, que defendam o povo
brasileiro e a diversidade racial.
Chamo a atenção do leitor,
sobretudo dos estudantes de economia, para o fato de que não basta buscar as
possibilidades de crescimento do PIB nacional, não é suficiente ser a décima, a
oitava ou a sexta economia do mundo. Faz-se necessário que ao mesmo tempo
busquemos nos encontrar com os elementos qualitativos do desenvolvimento.
Respeitar as minorias, as diferenças, o outro, pode ser um excelente indicador
de uma sociedade que está em processo de desenvolvimento. Lamentavelmente, em
nossas universidades, ainda são pequenos os esforços no sentido de relevar os
aspectos qualitativos do crescimento de uma nação, digo, na explicação da
manifestação do desenvolvimento.
Podemos importar das sociedades
mais desenvolvidas muitos aspectos positivos de suas formações culturais. Mas,
devemos fazer isso reciclando a boa da péssima cultura. Não precisamos importa
a cultura do franco-atirador, nem do nazi-fascismo, nem do apartheid, embora,
volta e meia, somos avisados que essas reminiscências do passado se fazem
presentes em pequenas células sociais em todos os países do mundo.
Presumo que podemos utilizar a
poderosa ferramenta de comunicação chamada internet, para unir os povos do
planeta em prol de interesses comuns, em defesa de um mundo melhor para todos:
negros, amarelos, índios e brancos. Os senhores já pensaram em um mundo onde
existisse apenas uma dessas etnias? Seria um mundo triste, o mundinho dos
iguais. De um único estilo de vida. Como poderemos evoluir nos espelhando em
nós mesmos?
As diferenças culturais servem
para que possamos evoluir juntos, para que possamos oferecer um leque de opções
de modus vivendi qualitativamente diferente para a humanidade, onde
todos sejam, de alguma forma, contemplados. Com essa prática somamos esforços
na defesa da vida. Com o culto ao preconceito, seja ele qual for, contribuímos
para o empobrecimento do espírito humano e todas as raças ficam mais frágeis.
Precisamos unir esforços no
sentido de combater todo e qualquer tipo de perseguição aos que são
supostamente diferentes. Esta tarefa não deve ser apenas um caso de polícia,
como costumeiramente tem sido.
Devemos discutir essas questões a
exaustão, sobretudo em casa. Seria interessante um projeto de educação nacional
que desse ênfase não apenas a formação econômica da nação brasileira mas a sua
formação cultural. Esse projeto seria facilmente implantado dado a rica
literatura existente no país bem como o farto estoque de profissionais nas
áreas de antropologia, filosofia, psicologia, história etc. Preconceitos e
perseguição de lunáticos a nordestinos, judeus, homossexuais, mulheres e
crianças devem ser combatido não apenas com o Estado em sua versão policial mas
sobretudo em sua versão educacional. Esta última deve ser entendida como um
processo e, como tal, obviamente, não deve ter fim.
Para um tema complexo, quanto mais informação melhor.
Vale a pena assistir o documentário Raça Humana.
Segue abaixo:
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