Conheça a pesquisa de doutorado "Dinâmica Regional das Metrópoles de Fortaleza e Natal"

 

Esta semana, apresentei no Seminário de Dissertações e Teses do Programa de Pós-Graduação em Estudos Urbanos e Regionais a minha proposta de pesquisa doutoral.

A pesquisa conta com financiamento do CNPq e está vinculada ao INCT Observatório das Metrópoles - TR Economia Metropolitana e Desenvolvimento Regional.

Em tempos de desmonte da ciência no país, gostaria de reforçar a importância do financiamento para a viabilização de pesquisas acadêmicas, que ao contribuir com o desenvolvimento da ciência, visa a construção de uma Nação mais justa. Por tudo isso, compartilho com você o meu resumo expandido, como forma de divulgar esta pesquisa que está em andamento. 


RESUMO - SEMINÁRIO DE DISERTAÇÃO E TESE PPEUR 2021

PARTE I – Vinculação da pesquisa no PPEUR

Discente: Rebeca Marota da Silva

Orientador(a): Prof. Dra. Maria do Livramento Miranda Clementino 

Área de Concentração/Linha de Pesquisa:

Dinâmicas Urbanas e Regionais/ Cidades e dinâmica urbana

Vinculação com projeto de pesquisa: 

TR Economia Metropolitana e Desenvolvimento Regional: Mudanças da base produtiva e mercado de trabalho, da Linha I – Metropolização e o desenvolvimento urbano: dinâmicas, escala e estratégias – do INCT/ Observatório das Metrópoles 2015-2020 – “AS METRÓPOLES E O DIREITO À CIDADE: plataforma de conhecimento, inovação e ação para o desenvolvimento urbano”


PARTE II – Elementos da pesquisa 

1. Título da pesquisa

Dinâmica urbana e regional nas Regiões Metropolitanas de Natal e Fortaleza 

2. Síntese da problemática e Pergunta de Pesquisa 

A principal motivação do presente estudo é compreender como duas regiões metropolitanas nordestinas, Fortaleza e Natal, as quais compartilham do mesmo paradigma de periferia regional, apresentaram comportamentos políticos e socioeconômicos divergentes que resultaram em inserções na economia regional mais pujante para uma do que para outra. A ideia é estabelecer uma análise dos percursos trilhados pelas duas regiões metropolitanas a respeito de suas economias em relação às suas Unidades Federativas (UFs) e ao Nordeste, bem como destacar a importância dos serviços para a dinâmica dessas áreas metropolitanas na fase recente. O presente estudo busca compreender quais os fatores que diferenciam a dinâmica econômica e o mercado de trabalho das duas RMs e sua influência nas diferentes dinâmicas urbanas e inserções regionais. Ambas são concentradoras de população e produção em termos estaduais, mas quais são as suas principais diferenças? O que determinou o dinamismo diferenciado dessas áreas metropolitanas em fase recente? Qual o perfil urbano da RM exemplificado pelos trabalhadores dos serviços?

3. Hipótese ou premissa 

A hipótese central é a de que os rebatimentos internos, atuais, desse processo se dá de forma diferenciada nas regiões metropolitanas de Natal e Fortaleza. Menos por força de seu passado histórico e de suas formas de engajamento no processo de integração do mercado nacional; e, mais; pelas diferentes formas de inserção à abertura econômica do país à globalização nos anos 90, do século passado e sobretudo no século 21, quanto aos investimentos estatais em infraestrutura durante o “experimento desenvolvimentista”.

4. Objeto de estudo 

Dinâmica socioeconomia das regiões metropolitanas de Natal e Fortaleza.

5. Objetivos da Pesquisa

GERAL: Compreender os processos de metropolização que diferenciam regiões metropolitanas na região Nordeste pela sua condição de periferia da periferia do capitalismo no Brasil.

Como objetivos específicos seguem:

Compreender como as diferentes formações históricas e desenvolvimento regional e urbano das regiões metropolitanas selecionadas impactaram (ou não) em suas dinâmicas socioeconômicas;

Demonstrar a importância das Regiões Metropolitanas de Natal e Fortaleza em termos estaduais e regional; 

Caracterizar as dinâmicas econômicas e do mercado de trabalho das Regiões Metropolitanas de Natal e Fortaleza, verificando as principais diferenças entre as duas regiões;

Identificar quais são as atividades econômicas metropolitanas mais dinâmicas e que mais impulsionam as áreas metropolitanas de Natal e Fortaleza, com destaque para o setor de serviços; 

Argumentar a respeito de que se o nível de serviços desenvolvidos no espaço urbano influencia no tipo de metropolização das cidades.

6. Categorias de análise e referencial teórico utilizado

Recentemente o trabalho passou pela qualificação do projeto de tese e as categorias de análise estão em processo de revisão pós-qualificação. Toda via, remeterei aqui às categorias mais elementares do projeto de tese.

Dinâmica Urbana e Econômica: 

o CANO, 1990;1983;2008;2007;2011;
o CORREA, 2004;
o FARIA, 1976;1978;1991;
o FURTADO, 2009; 1979; 1991;
o HARVEY, 2006; 1990, 2004

Desenvolvimento regional: 

o CLEMENTINO, 1990;
o ARAÚJO, 1995;
o OLIVEIRA, 1978;

Mercado de Trabalho Formal e Informal: 

o RIBEIRO; ARAGÃO, 2020
o RIBEIRO; CLEMENTINO, 2020

7. Procedimentos Metodológicos 

Para melhor compreensão do desenvolvimento urbano de uma região periférica escolhemos como objeto empírico as regiões metropolitanas de Fortaleza e Natal. Adotou-se como plataforma metodológica mais abstrata o método de investigação histórico-estruturalista (FURTADO, 1979). Nesse paradigma metodológico, os fatos históricos modificam as estruturas sociais, políticas e, notadamente, as econômicas.

Seguindo as considerações de Furtado (1979), sobre o método histórico-estrutural de análise, serão considerados dois vetores de variáveis endógenas e exógenas ao modelo. É importante deixar claro que aqui não se trata de um modelo matemático, mas de análise econômica estrutural. Isto é, o comportamento das varáveis econômicas depende, em grande medida, de parâmetros não econômicos e a natureza destes podem modificar-se significativamente em fases de rápida mudança social. Furtado (1979, p. 83) chama a atenção, que “essa observação é pertinente com respeito a sistemas econômicos heterogêneos, social e tecnologicamente, como é o caso das economias subdesenvolvidas”. 

Serão utilizados dados secundários referentes à atividade econômica, com base no PIB dos Municípios, do IBGE, de 2006 a 2020; Exportações, Comex; e do mercado de trabalho formal, de acordo com os dados de massa salarial e emprego formal, da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), produzidos pelo antigo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), para o período de 2006 a 2020. 

Sabendo-se que em regiões periféricas, o emprego é demasiadamente informal, buscar-se-á complementar a análise do mercado de trabalho com informações da PNAD Contínua, como forma de incorporar também o estudo sobre a dinâmica da informalidade.

Referências

ARAÚJO, Tania Bacelar de. Nordeste, nordestes? In: AFFONSO, Rui de Brito Alvares; SILVA, Pedro Luiz Barros (orgs). Desigualdades Regionais e Desenvolvimento. São Paulo: FUNDAP/UNESP, 1995.

CANO, Wilson & SAMEGHINE, Wlisses. Diagnóstico do setor de serviços. Documento básico. Campinas, Fecamp, 1990.


CANO, Wilson,  Raízes da Concentração Industrial em São Paulo. São Paulo: T. A. Queiros, 2ª ed., 1983.

CANO, Wilson. Desconcentração produtiva regional do Brasil 1970-2005. 3ª ed. São Paulo: Editora UNESP, 2008.

CANO, Wilson. Desequilíbrios regionais e concentração industrial no Brasil: 1930-1970. 3ª edição. São Paulo: Editora UNESP, 2007. 

CANO, Wilson. Novas Determinações Sobre As Questões Regional E Urbana Após 1980. R. B. Estudos Urbanos e Regionais V. 13, N.2 / NOVEMBRO 2011.

CLEMENTINO, Maria do Livramento M.. Complexidade de uma urbanização periférica. Tese de Doutorado– Instituto de Economia. Campinas, SP: UNICAMP, 1990.CORRÊA, R. L. Rede urbana: reflexões, hipótese e questionamentos sobre um tema negligenciado. Cidades, Presidente Prudente, v. 1, n. 1, p. 65-78, 2004.FARIA, V. O sistema urbano brasileiro. Estudos CEBRAP. São Paulo, Edições CEBRAP, nº 18, 91-116, 1976.

FARIA, Vilmar. O processo de urbanização no Brasil. São Paulo, CEBRAP, s/d, FARIA, Vilmar. Cinquenta Anos de Urbanização no Brasil. Novos Estudos CEBRAP, Edição 29 - Março de 1991.

FARIA, Vilmar. O Processo de Urbanização no Brasil: algumas notas para seu estudo e interpretação. Associação Brasileira de Estudos populacionais/Anais do Primeiro Encontro Nacional de Estudos Populacionais, Campos do Jordão, 1978. FURTADO, B. A. (Orgs.). Dinâmica urbano-regional: rede urbana e suas interfaces. Brasília: Ipea, 2011.

FURTADO, Celso. Desenvolvimento e Subdesenvolvimento. Rio de Janeiro: Centro Celso Furtado / Contraponto, 2009. 234 p.

FURTADO, Celso. Teoria e política do desenvolvimento econômico. 7ª Ed. São Paulo: Ed. Nacional, 1979. 344 p.

_____,  Cinqüenta Anos de Urbanização no Brasil. São Paulo: Novos Estudos SEBRAP, n° 29, 1991.

HARVEY, David. A Produção capitalista do Espaço. São Paulo: Annablume, 2006 

HARVEY, David. Los Límites del Capitalismo y la Teoría Marxista. México: Fondo de Cultura Económica, 1990.

HARVEY, David. Novo Imperialismo. São Paulo: Loyola, 2004. 

OLIVEIRA, Francisco de. Elegia para uma Re(li)gião: Sudene, Nordeste, Planejamento e Conflito de Classes. Paz e Terra, 1978.

RIBEIRO, M. G; ARAGÃO, T. A. Transformações no mundo do trabalho [recurso eletrônico]: análise de grupos ocupacionais no Brasil Metropolitano e Não Metropolitano em quatro décadas. - 1. ed. - Rio de Janeiro: Letra Capital, 2020.

RIBEIRO, M; CLEMENTINO, M.M.M. (ORGS). Economia metropolitana e desenvolvimento regional: do experimento desenvolvimentista à inflexão ultraliberal. [Recurso Eletrônico]. 1. ed. - Rio de Janeiro : Letra Capital, 2020.


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