Arquivo do Blog: O que é política?

Em 2017, fiz um post falando sobre o "O que é Política?", a luz da professora Marilena Chauí.

Este post foi um dos mais lidos do blog economia e outras coisas, então, se você ainda não leu, não deixe de conferir o resumão abaixo.

Apesar do uso generalizado e muitas vezes equivocado, como cidadãos precisamos ter uma compreensão mais específica sobre o seu significado, pois quanto mais nos informamos, melhores serão os resultados de nossas lutas.

Chauí nos traz uma reflexão muito interessante sobre o conceito de política.

Primeiro, quando falamos sobre política há uma confusão sobre Governo e Estado:

Governo: diz respeito a programas e projetos que uma parte da sociedade propõe para o todo que a compõe.

Estado: é formado por um conjunto de instituições permanentes que permitem a ação dos governos.

Segundo, quem é que faz política?

vemos a atividade realizada por especialistas – os administradores – e profissionais – os políticos -, pertencentes a um certo tipo de organização sociopolítica – os partidos -, que disputam o direito de governar, ocupando cargos e postos no Estado. Neste segundo sentido, a política aparece como algo distante da sociedade, uma vez que é atividade de especialistas e profissionais que se ocupam exclusivamente com o Estado e o poder. A política é feita “por eles” e não “por nós”, ainda que “eles” se apresentem como representantes “nossos”;

Terceiro, derivado do entendimento de quem faz política, de conduta duvidosa, não muito confiável, um tanto secreta, cheia de interesses particulares dissimulados e freqüentemente contrários aos interesses gerais da sociedade e obtidos por meios ilícitos ou ilegítimos.

A professora explica que há um paradoxo no entendimento sobre política. Cita o seguinte exemplo: "Quando, por exemplo, se trata de trabalhadores de uma fábrica de automóveis que, em nome de melhores salários, entram em greve contra a direção da empresa, compreende-se que a greve seja considerada “simplesmente econômica”. Ao criticá-la como “greve política” está-se, como sempre, querendo dizer que os grevistas, sob a aparência de uma reivindicação salarial, estariam defendendo interesses particulares escusos e ilegítimos, ou buscando, dissimuladamente, vantagens e poderes para alguns sindicalistas. A palavra política é, assim, empregada para dar um sentido pejorativo à greve."

[...] "Há casos, porém, em que a expressão “greve política”, usada como crítica ou acusação, é surpreendente. Suponhamos, por exemplo, que os trabalhadores de um país façam uma greve geral contra o plano econômico do governo. Estão, portanto, recusando uma política econômica e, nesse caso, a greve é e só pode ser política. Por que, então, acusar uma greve por ela ser o que ela é? O motivo é simples: para o senso comum social, dizer de alguma coisa que ela é “política” é fazer uma acusação. A crítica só em aparência está dirigida contra a greve, pois, realmente, está voltada contra a política, imaginada como algo maléfico."

"As pessoas que, desgostosas e decepcionadas, não querem ouvir falar em política, recusam-se a participar de atividades sociais que possam ter finalidade ou cunho políticos, afastam-se de tudo quanto lembre atividades políticas, mesmo tais pessoas, com seu isolamento e sua recusa, estão fazendo política, pois estão deixando que as coisas fiquem como estão e, portanto, que a política existente continue tal qual é. A apatia social é, pois, uma forma passiva de fazer política."

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