Comentário de Notícia: Covid19 e desigualdades socioespaciais


 Hoje, dia 29 de junho de 2021, a Agência Saiba Mais, publicou uma matéria exclusiva com dados atuais da vacinação contra a Covid 19 em Natal/RN.

A agência publicou dados oficiais de vacinação, disponibilizados pelo Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS-UFRN), que demonstraram que a vacinação na cidade ocorre de forma desigual em termos socioeconômicos. Ou seja, nos bairros de população de maior renda, a vacinação é mais acelerada, já atingiram uma cobertura de primeira dose entre 31% e 45% da população residente. Nos bairros mais periféricos, esse percentual está entre 2% e 21% de cobertura vacinal.

Estes dados nos sinalizam duas questões. Nos bairros onde a população possui maior renda, também possui uma população idosa maior, sendo a primeira a ter acesso aos escalonamentos  propostos pelo Ministério da Saúde.

A outra questão é uma problemática derivada da primeira, a escolha por vacinação seguindo escalonamento por idade, é um plano incorporado de países desenvolvidos que não compreende as especificidades socioterritoriais de um país periférico e desigual como o Brasil. 

Isto é, nos países desenvolvidos, além da pirâmide etária ser oposta ao que se tem na periferia, os recursos da população para manter-se em segurança, evitando aglomerações e usando equipamentos adequados de segurança individual.

Já no Brasil, diversas pesquisas desenvolvidas evidenciam o maior índice de proliferação de vírus de Covid 19, em regiões periféricas. Isso ocorre pela ausência ou péssimas condições sanitárias, como acesso a agua potável e saneamento; baixa seguridade social, onde a população de baixa renda não possui condições socioeconômicas de permanecerem em isolamento social, tendo que se deslocar para o trabalho; péssimas condições de transporte público, com aglomerações em coletivos superlotados e etc.

Portanto, a ausência de um planejamento nacional, em políticas de combate a Covid 19, comprometeu a população mais vulnerável em se proteger. Políticas públicas voltadas a essa população, que vão desde uma comunicação social informativa de como se proteger de forma individual até a decisão de quem e onde deverá tomar as vacinas, demonstra uma falta de compreensão sobre a real situação da população brasileira. Isso se agrava, quando a ciência é colocada em segundo plano, sendo a todo custo desincentivada pelo poder público, quando a gente mais precisa de informações qualificadas para o combate de uma Pandemia.

Sobre Desigualdades e espacialidades, leia o texto "Desigualdades e espacialidades da COVID-19 no estado de São Paulo" >>> Desigualdades e espacialidades da COVID-19 no estado de São Paulo - Observatório das Metrópoles (observatoriodasmetropoles.net.br)




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